Beber mais, gastar menos

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Redação

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Quem esperava que a pandemia fosse frear o consumo de vinhos no Brasil vai ter que rever a capacidade em fazer previsões. Com os números do primeiro semestre fechados, o que se viu por aqui foi justamente o contrário. Mesmo com restaurantes e lojas físicas fechadas e as pessoas confinadas dentro de casa boa parte do tempo, a importação de vinhos e espumantes cresceu 7,4% em volume no Brasil nos seis primeiros meses de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019. Mas nem tudo é motivo para soltar foguetes. Se cresceu em números absolutos, caiu em valor: 3%. Ou seja: trocando em miúdos, o brasileiro está bebendo mais vinhos, mas gastando menos por garrafa.

 

Entraram no Brasil 5,9 milhões de caixas de 9 litros, o equivalente a 71,3 milhões de garrafas no total. Ano passado, no mesmo período, o número foi de 5,5 milhões de caixas. No entanto, quando olhamos os números pelo prisma do valor, a tendência é oposta, com queda de 3% se compararmos o primeiro semestre de 2020 com o de 2019. O tombo foi mais drástico na importação de champanhes (37,5%), mas outros espumantes (9,9%) e vinhos tranquilos (1,7%) também registraram queda em valor.

 

Um olhar com lupa apenas nas vendas do mês de junho confirma a tendência de alta na importação em volume em todos os tipos de vinho. Tal fator pode indicar uma baixa nos estoques provocadas pelas vendas no primeiro semestre. A alta no consumo doméstico em tempos de quarentena pode ter, em números gerais, compensado o fechamento de pontos estratégicos como restaurantes, bares, lojas físicas e hotéis.

 

No entanto, a queda em valor indica que o consumidor tem preferido rótulos mais baratos, um indicativo da crise econômica que se aprofundou em tempos de COVID-19. O valor médio da caixa com 12 garrafas caiu de US$ 28,4 FOB para US$ 25,7 FOB. Outro dado que aponta a tendência de queda no valor médio está na análise da importação por faixa de preço. Caixas com preço FOB até US$ 19,99 tiveram aumento de 24,1% em volume. Entre US$ 20 e 29,99, o incremento nas vendas foi um bem menor: 9,7%. A partir de US$ 30, o que se observa é uma queda nas importações.

 

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No ranking de países, o Chile segue firme na liderança com 42,4% dos vinhos importados para o Brasil. No primeiro semestre, os chilenos cresceram 10,1% em volume, mas caíram 5,2% em valor. O vice-líder continua sendo Portugal, que cada vez mais consolida a posição que ocupa, com 16,8% do mercado. Os vinhos lusitanos experimentaram crescimento tanto em volume quanto em valor: 17,2% e 18,6%, respectivamente. Em terceiro lugar, com 15% do mercado, os argentinos cresceram 5,3% em volume, mas caíram 2,5% em valor.

 

Os dados são da Ideal Consulting, empresa de auditoria de importação e inteligência de mercado, especializada no segmento de bebidas e alimentos.