Força na peruca

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Redação

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Pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, publicaram na National Academy of Sciences um estudo que mostra que a análise do cabelo de uma pessoa pode identificar o tipo de alimentação que ela tem. Trocando em miúdos, os cientistas garantem que o seu cabelo vai saber muito bem se você almoçou um double cheeseburger com bacon ou uma salada de brotos de feijão com alface.

 

Segundo o estudo, isso acontece porque os fios de cabelo são construídos a partir de aminoácidos que vêm da comida e tem a capacidade de preservar os traços químicos da proteína naquele alimento.

 

Os pesquisadores foram capazes de identificar a partir da análise do cabelo se a dieta da pessoa era rica em proteína animal ou em proteína vegetal. E mais: conseguiram definir ainda se a proteína animal provia de uma alimentação a base de ração ou se tratava-se de animais criados em pasto livre.

 

O que os animais comem é incorporado aos respectivos tecidos. Animais que receberam uma alimentação rica em milho levarão esta informação à carne que deles vier”, explica o professor Jim Ehleringer, da Escola de Ciências Biológicas dos EUA, um dos líderes do estudo.

 

“O milho está em um grupo de plantas chamadas plantas C4, que incluem cana-de-açúcar, e fotossintetiza de maneira diferente das plantas C3, um grupo que inclui legumes e verduras. Portanto, se você ingerir proteínas que vieram de animais que comeram muito milho em vida, os aminoácidos que compõem seu cabelo terão proporções isotópicas mais semelhantes ao milho. Se sua proteína vem mais de fontes vegetais ou de animais que ingeriram plantas C3, seu cabelo terá uma assinatura isotópica mais parecida com as plantas C3”, garante o professor.

 

Ehleringer explica que a investigação sobre o assunto começou, em parceria com as professoras Denise Dearing e Thure Cerling, ainda nos anos 1990. “Resolvemos estudar as maneiras pelas quais os traços das dietas de mamíferos poderiam se refletir em seus cabelos. Fontes alimentares diferentes têm proporções diferentes de isótopos estáveis ​​ou átomos do mesmo elemento com pesos ligeiramente diferentes. À medida que os alimentos se decompõem em aminoácidos, os isótopos presentes em nossos alimentos, incluindo os de carbono e nitrogênio, chegam a todas as partes do corpo - incluindo o cabelo”, explica Ehleringer. "Essas informações podem ser usadas para quantificar as tendências alimentares de maneiras que as pesquisas não conseguem capturar", completa.

 

Para coletar dados para o estudo, a equipe do professor foi em barbearias e salões de beleza em 65 cidades nos Estados Unidos. Juntos, eles reuniram amostras representando cerca de 700 pessoas.