Morre Alain Voge

Morreu na manhã de ontem, aos 81 anos, Alain Voge, um dos mais importantes produtores de Cornas, no norte do Rhône.

Ativista, visionário e um dos grandes responsáveis pela afirmação da região entre os grandes terroirs do mundo do vinho, o nome de Alain Voge praticamente se confunde com Cornas.

Ainda novo, em 1961, Alain chegou da Argélia para trabalhar com o pai, Louis, na fazenda fundada pelo bisavô, Henri. Pouco depois, em 1965, com a morte do pai, Alain assumiu a direção da propriedade. No mesmo ano, aproveitando-se de um desentendimento com um negociante de vinhos, começou ele mesmo a engarrafar e a vender o vinho que produzia. A partir desta decisão, a vida de Alain jamais seria a mesma.

Nos anos 1970, Alain assumiu a liderança do movimento em prol das vinhas de Cornas, ameaçadas na altura pela especulação imobiliária. O ativismo de então fez com que o produtor criasse várias desavenças com outros fazendeiros locais. No entanto, Alain Voge venceu a batalha e foi um dos artífices da modernização das vinhas na região nos anos 1980.

Em meados dos anos 1980, usando técnicas que aprendera na Borgonha, Alain Voge promoveu fermentações em barricas em vinhos tranquilos em Saint-Péray, revolucionando a enologia e revitalizando o potencial da região.

Na década seguinte, Alain Voge começou a despontar na cena do vinho mundial, junto com outro expoente da região, Auguste Clape, morto em 2018. Ambos afirmaram o nome de Cornas no cenário internacional, conquistaram fãs e projeção no mercado norte-americano em primeiro lugar, e depois em outros países consumidores de vinho.

Nos anos 2000, converteu a produção para a agricultura orgânica e, logo depois, adotou as práticas biodinâmicas na vinha. Em 2004, afastou-se da gestão prática e passou a direção técnica da vinícola para Albéric Mazoyer, que ficou no cargo até 2018, quando entregou o bastão ao atual diretor Lionel Fraisse. No entanto, mesmo nestes últimos tempos, Voge mantinha-se ativo dentro da vinícola.