Os Melhores Vinhos de Portugal 2022

A Essência do Vinho 2022, o maior evento do mercado português para o setor vitivinícola, ranqueou os 10 melhores vinhos do país em 2021

Fotografia: Divulgação
Marcel Miwa

Marcel Miwa

A Essência do Vinho 2022, o maior evento do mercado português para o setor vitivinícola, ranqueou os 10 melhores vinhos do país em 2021

Como em qualquer ranking ou lista, é mais importante entender os critérios e o contexto de eleição e de votação. No caso da Essência do Vinho, realizado no Palácio da Bolsa, na cidade do Porto, foram selecionadas 62 amostras, entre espumantes, brancos, rosés, tintos e fortificados, que ao longo de 2021 receberam notas acima de 18,5 (equivalente a 94 pontos, na escala 0-100) na Revista de Vinhos de Portugal (publicação mais importante do mercado local). O júri era formado por 40 degustadores de oito países (eu e Alexandre Lalas estávamos representando o Brasil pela GULA) que provaram os vinhos às cegas.

O vinho com melhor média entre os tintos foi o Estremus 2017, de João Portugal Ramos (importado pela Casa Flora / Porto a Porto), um tinto alentejano feito de uma vinha com apenas 1,5 hectare de extensão e leva 50% da uva Alicante Bouschet e 50% de Trincadeira.

O melhor branco foi o Quinta dos Carvalhais Branco Especial, vinícola da Sogrape no Dão (importado pela Zahil). A mescla onde predominam Encruzado, Gouveio e Sémillon (mais 19% de outras variedades) é também um blend de safras, no total de sete safras entre 2006 e 2020.

A melhor nota entre os fortificados ficou com o Real Companhia Velha Very Old Tawny 1927, uma raridade de Porto com quase cem anos de vida.

Completaram o Top 10:

Tintos:

2º Rosa Santos Família 2017 (Regional Alentejano, Jorge Rosa Santos & Filhos),

3º Quinta da Boavista Vinha do Ujo 2017 (Douro, Sogevinus Fine Wines) - importdao pela Winebrands

4º Júpiter Code 01 2015 (Regional Alentejano, Rocim) - importado pela World Wine

5º Uivo Cronológico 2011 (IVV, Folias de Baco),

6º Pape 2018 (Dão, Quinta da Pellada) - importado pela Mistral

 

Brancos:

2º Quinta do Regueiro Alvarinho Jurássico II (Vinhos Verdes – Monção e Melgaço, Quinta do Regueiro)

 

Fortificados:

2º Barbeito Famílias Meio Doce 50 Anos (Vinho Madeira, Vinhos Barbeito)

Porém… não paramos por aqui. Com minhas avaliações salvas e amostras reveladas no final, destaco algumas amostras que me chamaram a atenção. Entre os brancos, dois vinhos de ilhas; o AWC Vinha dos Utras 2019, com a interpretação bourguignon de António Maçanita para o Arinto dos Açores, e o Listrão dos Profetas 2020, da Madeira (e acabo de descobrir que também vinificado por Maçanita, juro).

Entre os tintos, o Giz Vinha das Cavaleiras 2018, da Bairrada, trazia o medicinal de um whiksy de Islay com taninos firmes e fruta fresca; e o Quinta do Monte Xisto 2019 (importado pela Épice), com a expressão inegavelmente duriense mas sem faltas ou excessos, fruta, flores, mineral, taninos, frescor, tudo no lugar e bem integrado.

Na categoria dos fortificados, o ótimo e ainda “barato" (cerca de 50 euros, em Portugal) Carcavelos 1991 Howard's Folly, projeto assinado pelo enólogo David Baverstock, que deixou o Esporão e assumiu a enologia da Ravasqueira. Na taça tinha doçura alta com acidez nervosa, amanteigado, limpo e complexo, com nariz dominado por tâmara, damasco, cravo e mel.