Um incidente ocorrido na noite do dia 16 de julho, no departamento de Var, na Provença, chegou na mesa do presidente francês Emmanuel Macron. Um viticultor, cujo nome não foi divulgado, foi alvo de um ataque enquanto cuidava das videiras em Gonfaron. O produtor espalhava calda bordalesa nas vinhas quando foi alvejado. Os tiros atingiram o pulverizador pneumático. O agricultor, que na hora nem percebeu o ataque, não ficou ferido.
O caso provocou grande repercussão entre os agricultores locais, que decidiram nesta semana escrever uma carta ao presidente francês cobrando providências. A missiva, datada do dia 24 de julho, contou com 26 assinaturas de membros organismos locais, regionais e nacionais de agricultura e enologia, incluindo a Federação Francesa de Agricultura (FDSEA) e o conselho de vinhos de Provence (CIVP).
Segundo a carta, o produtor apresentou uma queixa oficial após o incidente. Os órgãos da indústria alertam que uma linha foi ultrapassada em termos de violência e intolerância demonstradas em relação à profissão agrícola.
"É inaceitável que o ato de cultivar nossa terra gere violência e ódio", diz a carta. "Nossa profissão está agora em uma situação extremamente crítica." Os grupos estão pedindo uma abordagem de "tolerância zero" à violência contra agricultores e pediram ao presidente que forneça às forças policiais os poderes necessários para fornecer proteção àqueles do setor. Segundo o jornal Vitisphere, os tiros foram disparados de uma propriedade vizinha.
Falando à publicação, Laurent Grimaud, secretário geral da FDSEA, alertou que o produtor poderia facilmente ter sido ferido. "Hoje é um tanque de pulverização, amanhã será a cabeça de alguém", disse ele. “O produtor está em estado de choque, ele poderia ter morrido.
"Estamos acostumados a ser insultados ou filmados quando pulverizamos, mas é a primeira vez que alguém leva um tiro. Em Var, todos nós pulverizamos à noite quando o vento cai e as videiras são as mais receptivas. O trator leva 10 minutos para pulverizar um vinhedo. É como um caminhão de caixote do lixo que chega às 5 da manhã, não incomoda ninguém", reclama Grimaud.
A calda bordalesa ou mistura de Bordeaux é um fungicida agrícola tradicional, composto de sulfato de cobre (II), cal hidratada ou cal virgem e água, em simples mistura. Possui comprovada eficiência sobre diversas doenças fúngicas e é muito usada em videiras para combater o míldio.