Exclusivo: degustamos os champagne Agrapart

Um dos produtores mais "cult" da região, seus vinhos chegam ao mercado brasileiro

Fotografia: Divulgação
Marcel Miwa

Marcel Miwa

Há uma verdadeira invasão dos pequenos produtores de Champagne no mercado brasileiro. O fenômeno não é aleatório e reflete tanto a demanda por produtos artesanais, de produção sustentável quanto a curiosidade por parte do consumidor por vinhos com características distintas, mesmo dentro das restrições de uma denominação de origem tão tradicional quanto Champagne.

O tema também foi muito bem explorado nas edições 272 e 273 da Gula, em matérias do nosso colaborador e grande especialista Guilherme Corrêa. 

Agrapart é um dos símbolos desta nova onda de produtores champenois e apesar da fundação da vinícola remeter ao ano 1894, foi o bisneto do fundador Arthur Agrapart, Pascal Agrapart, que conduziu a propriedade sediada em Avise ao atual status de cult. Os principais meios para tanto passam pela viticultura orgânica, com algumas práticas biodinâmicas, além de uma vinificação natural, com fermentações espontâneas e nenhuma filtração ou colagem nos vinhos. Os 10 hectares de vinhedos, com predomínio da Chardonnay, estão divididos em 7 vilarejos (quase todos Grand Cru ou Premier Cru): Avize, Oger, Cramant e Oiry, entre os Grand Cru, além de Avenay, Coligny e Vauciennes.

Mais importante que saber que Agrapart só trabalha com vinhedos próprios e segue a filosofia de uma produção natural, é compreender que o estilo da casa é fazer Champagne extremamente puros em seus aromas e acidez. Mesmo nas cuvées superiores as notas de leveduras não ultrapassam a expressão mineral e cítrica, o que acabam por refletir com maior precisão um terroir específico. 

Todos os Champagne de Agrapart são importados pela Clarets.

Champagne Agrapart 7 Crus Brut n.v.
R$ 1.166,00
93 pontos
Nesta cuvée de entrada que não tem nada de simples sano utilizadas uvas dos 7 vilarejos onde Agrapart possui vinhedos. Resultado da mescla de duas safras, com corte final de 90% Chardonnay e 10% Pinot Noir. Muito limpo, cítrico e delicado no nariz, mostra a pureza da Chardonnay. Como complemento apenas um toque de suspiro e amêndoa Na boca a acidez é contundente, reforçada pela borbulhas finíssimas. Toques de mel e massa amanteigada sem perder o foco nos cítricos ácidos com toques de giz. Elegante, limpo e direto. Cítrico e chalky, suspiro, foco, contido, elegante.

Champagne Agrapart Complantée Grand Cru Extra-brut
R$ 1.833,00
93 pontos 
Uma das interpretações mais raras de toda a região de Champagne. Aqui um único vinhedo onde 6 variedades estão plantadas e mescladas no campo. Além das tradicionais Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier, também participam Pinot Blanc, Arbane e Petit Meslier. Na taça, a expressão da Pinot Blanc marca o estilo, com frutas brancas (jambo, pera e flores do campo), textura glicerinada, e toques de mel, massa de fermento cru, talco e leve defumado na boca. As borbulhas seguem muito finas e elegantes, reforçando a acidez contundente (apenas 5 gr/l). Um estilo único e um Champagne para curiosos. 

Champagne Agrapart Terroirs Grand Cru Blanc de Blanc Extra-brut
R$ 1.499,00
95 pontos 
Aqui se utiliza apenas Chardonnay de vinhedos Grand Cru: Avize, Oger, Cramant e Oiry. O vinho base é resultado da mescla de duas safras e permanece 48 meses com as borras após a segunda fermentação. No nariz se nota o maior tempo “sur lie”, e as notas de pão tostrado, massa amanteigada com amêndoa e avelã, mas sem perder o cítrico e mineral (giz e talco) que estão no primeiro plano. Por ter maior estrutura e tons minerais parece mais comportado em acidez, porém o final salivante dissipa qualquer dúvida. Um estilo redutivo que traz tons minerais que remetem à Riesling. Conjunto bastante completo e preciso. 

Champagne Agrapart Avizoise Grand Cru Blanc de Blanc Extra-brut 2015
R$ 2.999,00
97 pontos 
Resultado da vinificação de apenas duas parcelas de Chardonnay de Avize e de uma única safra que ficou 5 anos “sur lie”. Aqui o mineral calcário fala alto, que faz lembrar algumas notas de um Jerez Fino. Interessante mescla ácido-salgada na boca, com notas de frutas brancas ácidas (maça verde, pera) e casca de cítricos. Todos os elementos bem integrados tiram qualquer impressão de austeridade e as borbulhas funcionam para um conjunto tão complexo e objetivo ao mesmo tempo.