O principal branco de Vega-Sicilia

GULA esteve presente na apresentação o Oremus Petrács, produzido na Hungria

Fotografia: Divulgação
Marcel Miwa

Marcel Miwa

Muito já se falou da aquisição do Grupo Tempos Vega-Sicilia na Galícia. A vinícola já possui nome e lançamento dos rótulos definidos: Deiva e Arnella. O primeiro, que leva o nome da vinícola, deve ser lançado em 2023 e Arnella deve sair apenas em 2025. Ambos são 100% Albariño, dos 24 hectares até então adquiridos pelo grupo na sub-região de Rías Baixas.

Por enquanto, os únicos brancos que o grupo Tempos Vega-Sicilia produz têm como origem Tokaj, na Hungria, desde que a família Alvarez comprou a vinícola Oremus, com seus 115 hectares de vinhedos. Além dos conhecidos vinhos de sobremesa de Tokaj, a vinícola produz dois vinhos brancos, 100% Furmint (principal casta da região): Mandolás e Petrács.

Oremus Mandolás é a expressão mais tradicional da Furmint como vinho branco seco. Produzido desde a safra 2000, o vinho estagia em barricas usadas de Tokaji (de 136 litros, chamadas Gönc). A grande novidade, que reflete o atual (e bom) momento de Vega-Sicilia, é o single-vineyard Petrács.

O nome do rótulo faz referência ao antigo dono da parcela do vinhedo que dá origem ao rótulo, Baron Ernest von Petrasch, antigo general-maior das forças armadas imperiais do império Austro-Húngaro. O diretor de Tempos Vega-Sicilia, Antonio Menendez, esteve no Brasil para apresentar a chegada da Oremus Petrács 2017 (R$ 1.050,00) em seu importador, a Mistral.

Da parcela de cerca de 3 hectares, aos pés das montanhas do vilarejo de Tolcsva, produzem o máximo de 6.000 garrafas, das quais apenas 120 chegaram ao Brasil. “Petrács é o resultado da consultoria de Kyriakos Kynigopoulos, consultor dos mais influentes na Borgonha (entre seus clientes está o mítico DRC) que mapeou nosso vinhedo e supervisionou a forma de produção desse vinho”, diz Menendez.

Kiriakos começou a consultoria em Oremus em 2015 (já trabalhando nos Albariño de Deiva também) e notou que a parcela de Petrács, com vinhas de 60 anos de idade se comportavam de forma diferente e especial, justificando a existência do rótulo. E Menedez afirma em primeira mão que existem mais duas parcelas, entre as 80 existentes em Oremus, para se tornarem single-vineyards.

Petrács estagia fermenta e estagia cerca de 12 meses em barricas francesas e húngaras, depois repousa mais 12 meses em foudres (grandes toneis de carvalho) e tanque de inox antes do engarrafamento. Na taça, o resultado impressiona pela elegância e por isso a inevitável referência da Borgonha costuma vir à tona. A marca típica da Furmint, com seus aromas de papaia e frutas branca de caroço estão presentes, mas muito sutil e acompanhada de camomila, lima e marzipã. Na boca, destaca a delicada untuosidade com ótima e integrada acidez. Final com toques de avelã, manteiga queimada e leve salinidade (95 pontos).