Preludio, os 30 anos de um clássico uruguaio

Produzido pela Família Deicas, este é um dos primeiros ícones tintos do país, com variedades bordalesas, amadurecimento riojano e personalidade própria

Fotografia: Divulgação
Marcel Miwa

Marcel Miwa

Lançado originalmente em 1992, o rótulo completa neste ano 30 anos de história e segue a mesma filosofia desde o início: o parâmetro principal para se chegar a Preludio é a degustação dos vinhos quando ainda estão nas barricas. “Temos pouco mais de cem garrafas da safra inaugural e que vamos parar de vender até mesmo na vinícola”, diz o enólogo Santiago Deicas, da 3a geração da família à frente da vinícola. Para os curiosos a garrafa de Preludio 1992 (85% Cabernet Sauvignon e Franc, 5% Tannat, 5% Merlot e 5% Petit Verdot) ainda pode ser encontrada na vinícola a US$ 1.800 (cada garrafa).

Como alguns dos grandes vinhos do vinho, Preludio é produzido apenas nos anos de qualidade ótima e na última década, por exemplo, não foi produzido em 2014 e 2012. Na safra atualmente no mercado brasileiro, a 2016, a base do vinho é a Merlot (34%), com Tannat (25%) Cabernet Sauvignon (25%), Marselan (7%), Cabernet Franc (6%) e Petit Verdot (3%). 

“Em 2016, partimos de 600 barricas pré-selecionadas para Preludio e ao largo dos 30 meses que os vinhos ficaram nas barricas, ficamos com apenas 200”, comentou Santiago Deicas. Os vinhos são provados e as barricas selecionadas a cada seis meses, por um comité de degustação que também conta com a participação do enólogo-consultor norte-americano Paul Hobbs, contratado pela vinícola desde 2002. Ao final são feitas duas mesclas de Preludio e a degustação final deve ser feita na companhia de comida, o contexto pensado para o vinho ser consumido. 

Depois de engarrafado o vinho repousa o mínimo de 3 anos na bodega antes de sair ao mercado (equivalente a um Gran Reserva no escala de Rioja). Para o futuro, o enólogo confidencia que da safra 2020 deverá sair o primeiro Preludio Albariño, para acompanhar o tinto e o branco já existentes. E a safar 2019 de Preludio terá colaboração brasileira, uma vez que os dois cortes finais, lotes 112 e 114, foram colocados à prova na degustação de comemoração dos 30 anos do rótulo, no Palacio Tangará, em São Paulo. 

Preludio tinto 2016
Canelones, Uruguai
R$ 250, Interfood / TodoVino
94 pontos
A expressão do vinho também manteve seu classicismo, com foco na fruta vermelha fresca (cereja e ameixa vermelhas) no primeiro plano e com intensidade elegante. O nariz é complementado por toques lácteos (bala de leite e baunilha), que denuncia a jovialidade da amostra, especiarias (canela, cravo, café) e ervas frescas. Na boca a acidez mostra maior tensão que os taninos, o que reforça a fruta fresca e dá vivacidade ao conjunto. Final bastante longo e limpo, com toques florais, ervas (tomilho e grama) e especiarias. Mais que potência, nesta safra a elegância e frescor marcam o estilo.