QI Tânico

 
Alexandre Lalas

Alexandre Lalas

E essa agora? Um estudo liderado pelo Centro Basco de Cognição, Cérebro e Linguagem chegou à conclusão de que o treinamento pelo qual passam os sommeliers não apenas refina o paladar, mas remodela o próprio cérebro. E faz do profissional uma pessoa mais inteligente!

O estudo, chamado ”Sniffing out meaning: Chemosensory and semantic neural network changes in sommeliers", investigou se a resposta do cérebro à degustação de vinho difere entre sommeliers e não especialistas era diferente. 

Os cientistas que conduziram a pesquisa queriam saber se os sommeliers eram mais avançados não apenas quando se tratava de detectar diferenças sutis entre os vinhos, mas também se eles podiam traduzi-las melhor em descrições verbais complexas.

Os pesquisadores observaram diferenças estruturais no cérebro entre os sommeliers e os consumidores casuais de vinho.

Os resultados do estudo também revelaram que os sommeliers e os bebedores eventuais utilizavam regiões cerebrais diferentes durante a degustação de vinhos. Os consumidores casuais usaram mais o córtex frontal, o que sugere que houve mais esforço durante a degustação. Os sommeliers foram melhores em ativar as partes de seus cérebros que usam a linguagem e o paladar, e em fazer conexões entre os dois.

Manuel Carreiras, diretor científico do Centro Basco de Cognição, Cérebro e Linguagem, liderou a pesquisa. ”O estudo atual representa um dos poucos experimentos que examinaram a estrutura e a função do cérebro do sommelier durante as degustações", concluíram os pesquisadores. "Nossos resultados indicam que a experiência e a vivência na degustação de vinhos provavelmente modulam os circuitos de degustação e de linguagem para produzir habilidades superiores de reconhecimento de sabores, conforme demonstrado pelos sommeliers durante degustações às cegas."

O teste

Os cientistas usaram a análise de ressonância magnética funcional para entender as diferenças entre a forma como os sommeliers e os consumidores casuais de vinho usam seus cérebros ao degustar vinhos.

Um grupo de 28 voluntários adultos saudáveis foi usado no estudo, dividido entre sommeliers treinados e bebedores eventuais.

Ambos receberam quatro vinhos espanhóis diferentes para degustar enquanto seus cérebros eram conectados a uma máquina de ressonância magnética e solicitados a classificar a complexidade de cada vinho.

A capacidade de avaliar a complexidade também foi avaliada após o exame de ressonância magnética, em que lhes foi dada a mesma atividade para medir a capacidade dos sommeliers de perceber diferenças sutis no sabor e no aroma do vinho.

Os vinhos dados aos participantes incluíam um Penedès Chenin Blanc, um Godello de Valdeorras, um Ribera del Duero Tinta del país 100% Tempranillo e, considerado o mais complexo, um Priorat tinto, corte de Garnacha, Cabernet Sauvignon, Syrah e Cariñena.