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Morreu, aos 100 anos de idade, o célebre produtor de vinhos de Napa, Miljenko 'Mike' Grgich, um dos mais importantes nomes do vinho nos Estados Unidos e no mundo.
Grgich nasceu em um pequeno vilarejo na Croácia, o caçula de 11 filhos de Nicola e Ivka Grgić em 1º de abril de 1923, em Desne. O pai produzia vinho na altura, e desde pequeno, Mike já pisava uvas. Depois de considerar seguir outras profissões, abraçou a carreira de produtor de vinhos após a Segunda Guerra Mundial. Com a chegada do comunismo, a Croácia tornou-se parte da Iugoslávia, e Mike foi para a Universidade de Zagreb para estudar enologia e viticultura.
O empurrão do destino que fez do jovem croata um dos mais importantes enólogos dos Estados Unidos veio em 1958, quando Mike entrou em um programa de intercâmbio agrícola com a Alemanha. Foi a senha para fugir do regime comunista soviético que imperava na Iugoslávia e tentar a sorte em outras paragens. No mesmo ano, Mike chegou ao Napa Valley, onde tempos mais tarde faria história.
Logo de cara, conseguiu emprego no Chateau Souverain, onde ficou amigo de outro imigrante, André Tchelistcheff, que o levou para trabalhar Beaulieu Vineyards, em Rutherford. Lá, foi chamado para trabalhar com Robert Mondavi, que havia construído a primeira nova fábrica de vinhos em Napa desde a Lei Seca. Logo de cara, Grgich elaborou um lendário Cabernet Sauvignon na Mondavi. De lá, ele iria para o Chateau Montelena, onde faria história.
Foi Mike Grgich quem fez o branco que surpreendeu o mundo em 1976, no Julgamento de Paris. O Chãteau Montelena bateu os grandes vinhos da Borgonha, em prova às cegas, realizada na França por alguns dos mais renomados nomes do vinho na altura. A partir daí, a carreira de Mike subiu feito um foguete.
Em 1977, o enólogo construiu a própria marca Grgich Hills. E após a queda do Muro de Berlim, em 1989, retornou à Croácia e fundou a vinícola croata Grgić Vina com foco em variedades indígenas.
O nome Mike Grgich é sinônimo tanto de Napa Valley quanto do renascimento do setor vinícola croata. A mala com a qual ele fugiu da Iugoslávia está no Smithsonian Institute of American History, juntamente com vinhos daquele famoso julgamento em Paris, parte de uma exposição chamada 101 Objects that Made America.