Quebra Geral

Fotografia: reprodução da internet
Alexandre Lalas

Alexandre Lalas

Foi o menor volume produzido em quase 60 anos. O vilão? Acertou quem cravou o aquecimento global. Na semana passada, em um evento em Paris, a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) disse que a expectativa para este ano é que o mundo produza cerca de 244 milhões de hectolitros de vinho. Este número é 7% menor do que o alcançado ano passado, que já foi um ano abaixo da média de produção global. Este é o nível mais baixo registrado desde 1961. E a causa para a quebra na produção, segundo a OIV, foram as condições climáticas extremas, que afetaram todas as principais regiões produtoras. 

 

“Os produtores das principais regiões foram atingidos por tudo, desde secas e inundações até incêndios florestais e doenças fúngicas”, disse Giorgio Delgrosso, chefe de estatísticas da OIV. As uvas viníferas são especialmente sucetíveis às alterações provocadas pelas mudanças climáticas. E os produtores estão sentindo nas vinhas os efeitos de anos de inatividade na alteração do quadro atual.

 

Em todo o planeta, 2023 registrou vários recordes relacionados ao clima, desde o mês mais quente já medido até ondas de calor, incêndios florestais e eventos de chuva sem precedentes, de acordo com as Nações Unidas. “Mais uma vez, condições climáticas extremas, como geadas precoces, chuvas intensas e secas, afetaram significativamente a produção das vinhas de forma mundial", disse Delgrosso. “As anomalias meteorológicas estão se tornando o novo normal. E esse é, sem dúvida, um dos desafios mais relevantes para o setor vinícola”, completou.

 

A produção de vinho na União Europeia deve cair a 150 milhões de hectolitros, o terceiro volume mais baixo deste século, de acordo com a OIV. Já no Hemisfério Sul a queda deve ser de 19%, para 45 milhões de hectolitros, a menor desde 2003.

 

No entanto, há males que podem virar coisas boas. A baixa produção global deste ano deve trazer um certo equilíbrio ao mercado mundial de vinhos, de acordo com Delgrosso. Com o contexto econômico e geopolítico "complicados" e com a inflação permanecendo alta, o consumo mundial de vinho vem caindo e os estoques estão aumentando em muitas regiões.

 

De uma perspectiva mais global, o mundo do vinho enfrentou uma série de crises sem precedentes nos últimos três anos que estão tendo um impacto significativo e que provavelmente levarão a algumas mudanças estruturais no setor", completou Delgrosso.