Veneno engarrafado

Fotografia: reprodução da internet
Redação

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Dados oficiais analisados por uma organização britânica sem fins lucrativos sugeriram um grande salto na proporção de vinhos que contêm vários resíduos de pesticidas. De acordo com as conclusões da Pesticides Action Network (PAN), os dados sugerem que houve um aumento de mais de três vezes nos resíduos de pesticidas, passando de 14% em 2016 para 50% em 2022.

 

Os números são provenientes do relatório do Comitê de Especialistas em Resíduos de Pesticidas em Alimentos (PRiF) do Reino Unido.  O estudo abrange o programa oficial de testes em vinhos do Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais, e revelou que foram encontrados resíduos de 19 pesticidas diferentes nas 72 amostras de vinhos testadas, incluindo nove produtos químicos carcinogênicos. O relatório foi apresentado em dezembro passado. 

 

O PAN afirmou que o uso excessivo de pesticidas na produção de vinho não "representa apenas uma ameaça à saúde dos consumidores, mas também àqueles que vivem e trabalham nas áreas de produção de vinho”. "Sabemos que os produtos químicos podem se tornar mais prejudiciais quando combinados e, ainda assim, continuamos a estabelecer limites de segurança para apenas um produto químico de cada vez”, diz o relatório. “Os amantes do vinho não deveriam correr o risco de se exporem a uma série de pesticidas perigosos quando quiserem tomar uma bebida. O setor de vinhos orgânicos está florescendo, provando que é 100% possível produzir vinho sem depender de produtos químicos tóxicos”, recomenda o PAN.

 

Nick Mole, da PAN UK, descreveu o "aumento maciço" do que ele chamou de "coquetéis de pesticidas", o que "deve ser motivo de grande preocupação”. "Sabemos que os produtos químicos podem se tornar mais prejudiciais quando combinados e, ainda assim, continuamos a estabelecer limites de segurança para apenas um produto químico de cada vez”, disse Mole.

 

Mas, apesar das descobertas, o limite máximo de resíduos, que é o nível mais alto tolerado legalmente no interior ou na superfície de alimentos ou rações, não foi excedido em nenhuma das amostras, de acordo com o PRiF. Como resultado, não se espera que os resíduos detectados pelo laboratório tenham efeito sobre a saúde humana.

 

A notícia chega em um momento em que mais produtores estão migrando para a produção orgânica, com a demanda global por vinhos deste tipo em um nível mais alto de todos os tempos. A categoria está crescendo em um ritmo mais rápido do que os vinhos não orgânicos.

 

A Alemanha é o maior mercado para o vinho orgânico, respondendo por cerca de 24% do consumo global, enquanto a França está em segundo lugar e o Reino Unido em terceiro.