Vindima manchada

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Redação

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A polícia francesa prendeu sete pessoas acusadas de explorar mão-de-obra migrante de forma análoga à escravidão. Os trabalhadores (entre eles uma criança de 14 anos) eram usados para trabalhar nas vindimas em Bordeaux. Os suspeitos foram detidos na terça-feira em três comunas, incluindo Saint-Émilion, na parte nordeste da região vinícola.

 

De acordo com a AFP, o Ministério Público de Libourne acusou os sete suspeitos de "tráfico organizado de seres humanos em grupo", "dissimulação de um crime" e "sujeição de pessoas vulneráveis a condições inaceitáveis de trabalho e alojamento".

 

De acordo com o Ministério Público, os trabalhadores, que são "várias dezenas" e incluem um menor de 14 anos, foram todos traficados para França a partir da Romênia. As autoridades ressaltaram que casos de exploração de mão-de-obra de imigrantes têm aumentado consideravelmente no setor vitivinícola nos últimos anos. 

 

Em setembro, na região de Champanhe, 50 africanos foram transportados de Paris para a aldeia de Nesle-Le-Repons, no vale do Marne, para apanhar uvas durante a vindima deste ano. A polícia descobriu que os africanos foram alojados em condições miseráveis, desumanas e improvisadas, num edifício com chão de lama e sem teto, e com pouca água quente. Ao serem libertados, os trabalhadores descreveram as condições de trabalho como análogas à escravidão. 

 

Segundo a polícia, os vindimadores, muitos dos quais de origem africana ocidental, contaram que lhes foi dado um pacote de arroz para comer, algumas uvas e sanduíches "não comestíveis" e que lhes foi prometido 80 euros (R$ 424) por dia para vindimar uvas de Champagne. Honorários que, segundo eles, nunca lhes foram pagos.

 

"Fomos tratados como cães, pois não nos deram muito para comer e dormimos num edifício, encurralados como ovelhas", disse Mahamadou, um vindimador do Mali, ao jornal francês L'Humanité, em 21 de setembro.

 

A Anavim, aparentemente uma agência de recrutamento sediada em Paris, era alegadamente responsável por "contratar" os apanhadores, de acordo com os apanhadores. Numa reportagem do canal de televisão francês TF1, a proprietária, Svetlana Goumina, de nacionalidade russa, segundo a base de dados oficial de empresas de França, negou as alegações de tráfico de seres humanos.

 

No entanto, no dia 22 de setembro, um procurador público francês em Châlons-en-Champagne anunciou o lançamento de duas investigações sobre casos de tráfico de seres humanos envolvendo apanhadores de uvas.

 

Em outro caso de exploração de imigrantes nas vindimas deste ano, três pessoas foram presas no Gironde acusada de traficar marroquinos para trabalho em condições desumanas nas vindimas na região.