Com um vinho para chamar de seu, o céu é o limite para Ambev

Cervejaria lança no mercado brasileiro os rótulos da vinícola argentina Dante Robino. Mas isso pode não ser tudo


Lembro-me muito bem da informação, não exatamente da fonte - que pode ter sido uma reportagem, uma propaganda ou mesmo uma palestra de algum executivo da empresa -, mas a história é mais ou menos a seguinte: a Ambev consegue chegar onde nem mesmo os Correios chegam. 

A frase refere-se, obviamente, à fabulosa logística da maior cervejaria brasileira e que integra o maior grupo cervejeiro do mundo, AB InBev, capaz de fazer a sua Brahma chegar ao seu copo de caminhão, de motoboy e até de canoa, se você estiver perdido no meio de um igarapé na Amazônia. 

Não consegui parar de pensar nisso na noite de anteontem, quando a Ambev - que até então apresentava-se como uma cervejaria - apresentou em São Paulo a jornalistas e convidados o lançamento no país dos vinhos da Bodega Dante Robino, centenária vinícola argentina sediada em Mendoza que produz mais de 10 milhões de litros por safra e que a multinacional cervejeira havia comprado em 2020. 

Com preços a partir de R$ 49,90 - no caso, o espumante Novecento - , os vinhos estarão disponíveis inicialmente em três linhas: Novecento, Legado e Dante Robino. Posteriormente, a série topo de gama Grand Dante deve chegar aom, ao preço médio de R$ 219,90. 

O local do lançamento, aliás, não poderia ter sido mais sugestivo: o Planetário de São Paulo, localizado no Parque Ibirapuera. 

Pode ser que a empresa não consiga fazer chegar a Marte, ao menos por enquanto, o bom Bonarda apresentado ali. Mas a simples pergunta pode suscitar diversas respostas: o que a maior cervejaria do Brasil quer com o lançamento deste vinho?

Bem, com um histórico consumo de vinho estacionado nos 2 litros per capita, se a empresa conseguir levar uma garrafinha que seja a todos os pontos de venda (e de dose, ou seja, os bares) deste Brasilzão, é possível que esse número suba consideravelmente. Ainda mais porque os rótulos de Dante Robino estarão à venda no aplicativo Zé Delivery, que pertence à Ambev (ainda não está, pelo menos não apareceu na busca do meu smartphone), entre outros e-commerce e pontos físicos. 

Outro ponto é que a Ambev pode usar todo o seu potencial logístico para distribuir até mesmo os vinhos de outras importadoras e de produtores brasileiros - ela já é parceira do Miolo Wine Group, com o qual produz o vinho em lata Somm -, tornando-se um gigantesco marketplace de vinhos.

Não duvide se, daqui a alguns anos, você encontrar um marciano girando uma taça de vinho por aí.

 

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