Y dale dale: Guia Michelin vai lançar edição argentina

Equipe da publicação de origem francesa será lançada em 24 de novembro, com avaliação de restaurantes e hotéis em Buenos Aires e Mendoza


Se a economia na Argentina não anda lá tão bem – imagina se andasse... –, nossos vizinhos Hermanos ganham mais uma razão para compensar o cenário atual e, quizás, elevar a auto-estima. Sob as bênçãos do Papa Francisco, depois do tricampeonato mundial de futebol e do título de “Melhor Vinícola do Mundo para se visitar em 2023” pela lista da World’s Best Vineyards atribuído à Catena Zapata, é a vez de a gastronomia do país ganhar um reconhecimento importante.

Na semana passada, a Michelin anunciou seu retorno à América Latina, para a produção do Guia Michelin, que apontará, pela primeira vez, os melhores restaurantes e hotéis de Buenos Aires e de Mendoza, de acordo com os critérios da publicação. A primeira de três edições – que custarão 620 mil dólares em investimento do Instituto Nacional de Promoção Turística da Argentina (Inprotur) para atrair os franceses – será lançada em 24 de novembro próximo.

Os inspetores, aliás, já estão visitando de forma anônima os estabelecimentos nas duas cidades, que levam a Argentina a ser o 42º destino gastronômico a ser avaliado pelo guia publicado desde 1900, época em que os irmãos André e Édouard Michelin, donos de uma indústria de pneus, começaram a distribuir aos clientes um libreto com a avaliação de estabelecimentos, como forma de promover a fábrica. Nessa época, a frota de carros em toda a França não chegava a 5.000 automóveis.

Entre tantos ranking e listas do tipo, o Guia Michelin, sem dúvida, é o mais almejado por chefs, restaurateurs e hoteleiros. Além do Bib Gourmand (selo atribuído a casas de boa relação entre preço e qualidade), atribui estrelas aos locais que passam pelo crivo: uma estrela aos restaurantes considerados muito bons em sua categoria; duas estrelas aos que possuem qualidade excelente e valem o desvio; três estrelas ao endereço que é dono de uma gastronomia de exceção, e que é por si só um destino gastronômico, o velho e bom “vale a viagem”.

Em julho de 2022, tendo como justificativa a pandemia da covid, o Guia Michelin suspendeu a avaliação de sua edição brasileira que, desde 2015, era publicada com endereços de São Paulo e do Rio de Janeiro. “Como consequência e visando manter o mais alto nível de qualidade de seus serviços, o Guia MICHELIN tomou a difícil decisão de suspender temporariamente a atualização de sua seleção de restaurantes no Brasil”, anunciou na ocasião.  A última atualização da versão brasileira se deu em setembro de 2020.

Na gastronomia, como se sabe, não existe almoço grátis – em que pese o valor inestimável do anonimato em um julgamento – mas o investimento anunciado pelos argentinos é baixo, se considerado o retorno potencial ao mercado local. Entre Pronampes e dinheiro gasto com concretagem do Anhangabaú ou com promessas de despoluição da Baía de Guanabara, bem que as três esferas de governo no Brasil poderiam criar condições para que o setor da gastronomia se recupere e volte a atrair a atenção de uma publicação do nível de um Guia Michelin.

Mais fácil do que trazer o Hexa.

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